Eu xaveco, tu xavecas, ele e ela xavecam. A aplicação dessa
conjugação verbal nem sempre acontece em tempos de baladas escuras e
ensurdecedoras --programa cada vez mais frequente entre jovens,
balzaquianas e quarentões, solteiros ou não. E, nem sempre, sair para se
divertir em um bar ou boate resulta em um encontro proveitoso. Muitas
são as interferências entre homens e mulheres. No entanto, alguns
cuidados podem garantir o sucesso na noite, se a sua intenção é
paquerar.
Elas, por exemplo, reclamam que eles pouco se dedicam
à paquera, substituindo-a, sem o menor pudor, pela versão mais nua,
crua e selvagem da pegação. Afinal, você sabe como se comportar em uma
balada para não sair no zero a zero? Ou faz parte do grupo de pessoas
que andam perdidas e se amedronta com a invasão das garotas no campo do
cortejo --tarefa que, num passado não tão distante, era delegada somente
aos barbudos? foi a campo para descobrir como anda o clima de paquera.
Há cerca de três anos, Ana Carolina Araújo, 31 anos, mãe de um garoto
de sete, virou assídua nas baladas paulistanas, após terminar um
casamento de dez anos. Apesar de, muitas vezes, ir às boates com o
objetivo de dançar e relaxar, diz que pratica a paquera com frequência.
“Se estou a fim de dançar, fico na minha. Se o objetivo for marcar gol,
eu realmente ataco", diz ela, que é assistente de diretoria de uma
agência de publicidade. Ela faz parte do coro das que se incomodam com a
falta de interesse e de bons modos dos homens. "Quando saio, percebo
que muitos tratam as mulheres como um pedaço de carne. É preciso ter o
mínimo de polidez para chegar em uma garota", afirma ela, que tem uma
teoria para explicar tanta indelicadeza: "Tem muita mulher disponível.
Elas, por sua vez, com medo da concorrência, relevam a falta de quesitos
básicos, como educação."
O ritmo de urgência da vida atual tem
levado os homens a se esquecerem das regras primárias da aproximação.
"As mulheres querem, sim, ser ouvidas e querem ouvir. E têm tempo para
isso. Mas, geralmente, o recurso do xaveco é usado para viabilizar uma
noite e mais nada", diz o empresário de internet Ricardo (ele prefere
não revelar o sobrenome), 42, que já arrumou duas namoradas na noite.
"Geralmente, se o cara joga uma conversa em uma garota e ela faz um
charminho, ele pula para outra", diz ele, que acredita que as mulheres
ainda querem ser cortejadas.